Criança Índigo, uma idéia não espírita.


Apesar de que o assunto “Criança Índigo” já tenha sido esclarecido, dentro do movimento espírita, como uma “teoria não Kardecista”, sempre é interessante rever certas questões, pois ainda ocorrem incoerências de interpretações nos debates existentes nos centros espíritas.

Kardec explica no cap. XI da "A GÊNESE " a necessidade de emigrações e imigrações coletivas de um mundo para o outro no processo de renovação das raças de espíritos e homens para o alcance de um mundo melhor. Nesse capítulo (Gênese Espiritual), Kardec fala, principalmente, sobre a raça Adâmica que reencarnou na Terra para colaborar com o aprimoramento do planeta. Esse povo foi expulsos de seu Planeta devido falhas no progresso moral. Com relação às chamadas "Crianças Índigos", ocorre algo similar de acordo com o que está sendo divulgado no movimento espírita. O processo de regeneração de nosso planeta, de acordo com essa idéia, estaria dependendo essencialmente desses espíritos proveniente da constelação das Plêiades. Segundo informações relatadas sobre esses seres, vem sendo divulgado que mais de 80% das crianças nascidas desde 1980 são Índigos. Dessa forma, podemos concluir que a Terra está basicamente constituída de crianças de outro Planeta. Entretanto, Kardec no Capítulo XVIII, no item GERAÇÃO NOVA, afirma a necessidade de emigração e imigração de espíritos, no entanto, atribuí a regeneração do Planeta à, principalmente, espíritos próprios da Terra e não, de maneira plena à espíritos externos, como no caso as crianças Índigos. Afirma Kardec “A regeneração da Humanidade, portanto, não exige absolutamente a renovação integral dos Espíritos: basta uma modificação em suas disposições morais. Essa modificação se opera em todos quantos lhe estão predispostos, desde que sejam subtraídos à influência perniciosa do mundo. Assim, nem sempre os que voltam são outros Espíritos; são com freqüência os mesmos Espíritos, mas pensando e sentindo de outra maneira.” Desta forma, atribuir a regeneração do Planeta a, principalmente, espíritos de outros planetas, ou melhor, crianças de um planeta da constelação de Plêiade, não estaria de certa forma contra Kardec?

Outro ponto fundamental em que a teoria das crianças índigos fere a proposta espírita é na condição moral do espírito. É relatado que devido a situação de superioridade dessas crianças, onde o corpo físico não suporta o seu progresso espiritual, dizem os defensores dessa idéia que se elas não tiverem um acompanhamento adequado podem se tornar bastante agressivas e até mesmo criminosas. Ora, se a regeneração do planeta, de acordo com Kardec, se dará pela condição moral dos espíritos, não seriam, portanto, seres tão frágeis nesse aspecto que poderiam empreitar tal missão. Há quem queira justificar tais falhas morais no esquecimento do passado, como que se o espírito que, por meio das mais variadas experiências que as multi-existências propiciam, e que realmente tenha se lapidado moralmente, pudesse numa outra encarnação esquecer da bondade conquistada por mais dificuldade que passe.


É sempre bom rever alguns desses pontos para que certas idéias não venham prejudicar a interpretação genuinamente espírita em nosso movimento. Também é importante está claro que a regeneração do planeta dependerá de nós que estamos lendo esse texto e não esperemos, portanto, por outros seres para que possamos dar a nossa valiosa contribuição.